Navegue por este post:
- O que é o XML?
- O que é o JATS?
- Estrutura XML-JATS
- Principais benefícios
- Devo utilizar o JATS em minha revista?
O que é o XML?
O XML - Xtensible Markup Language - é uma linguagem de marcação recomendada pela W3C, principal organização mundial de padronização de tecnologias da internet, para descrever e estruturar diversos tipos de dados. O XML permite a estruturação de dados semânticos que podem ser facilmente interpretados por humanos e máquinas, além de servir como base para diversas outras linguagens de programação e marcação.
Veja o seguinte exemplo de código XML com dados estruturados:
<?xml version="1.0" encoding="UTF-8"?>
<receita nome="pão" tempo_de_preparo="5 minutos" tempo_de_cozimento="1 hora">
<titulo>Pão simples</titulo>
<ingredientes>
<ingrediente quantidade="3" unidade="xícaras">Farinha de Trigo</ingrediente>
<ingrediente quantidade="7" unidade="gramas">Fermento</ingrediente>
<ingrediente quantidade="1.5" unidade="xícaras" estado="morna">Água</ingrediente>
<ingrediente quantidade="1" unidade="colheres de chá">Sal</ingrediente>
</ingredientes>
<instrucoes>
<passo>Misture todos os ingredientes, e dissolva bem.</passo>
<passo>Cubra com um pano e deixe por uma hora em um local morno.</passo>
<passo>Misture novamente, coloque numa bandeja e asse num forno.</passo>
</instrucoes>
</receita>
O código acima pode ser facilmente interpretado por qualquer pessoa sem conhecimento no XML. A forma como sua sintaxe é estruturada, com grupos e subgrupos de dados, e a semântica de suas tags, que podem ser criadas livremente respeitando o padrão de abertura e fechamento <ingrediente></ingrediente>, tornam essa linguagem extremamente versátil e auto-documentado, onde o próprio formato descreve sua estrutura, seus campos e seus valores.
O que é o JATS?
Como é possível perceber, a versatilidade do XML permite a definição de diversos tipos de padrão para a estruturação de dados semânticos. O JATS - Journal Article Tag Suite - é, como a própria sigla sugere, é um conjunto de tags para artigos científicos em formato XML para descrever a literatura científica publicada online.
O padrão foi desenvolvido em 2003 pela NISO, National Information Standards Organization, dos Estados Unidos, e popularizado pela PubMed Central, da NLM, National Library of Medicine, que adotou o formato como padrão para arquivamento e intercâmbio de periódicos científicos de acesso aberto. Mais tarde, outras bases relevantes como a SciELO e a Redalyc também adotaram o formato.
O JATS fornece um conjunto de elementos e atributos XML para descrever o conteúdo textual e gráfico de artigos científicos. Permite descrições do conteúdo completo ou apenas os metadados do cabeçalho do artigo, além de permitir o uso a outros tipos de conteúdo não relacionados à pesquisa, como cartas, editoriais e resenhas de livros e produtos.
Estrutura XML-JATS
Vamos retomar o exemplo dado acima:
<?xml version="1.0" encoding="UTF-8"?>
<receita nome="pão" tempo_de_preparo="5 minutos" tempo_de_cozimento="1 hora">
<titulo>Pão simples</titulo>
<ingredientes>
<ingrediente quantidade="3" unidade="xícaras">Farinha de Trigo</ingrediente>
<ingrediente quantidade="7" unidade="gramas">Fermento</ingrediente>
<ingrediente quantidade="1.5" unidade="xícaras" estado="morna">Água</ingrediente>
<ingrediente quantidade="1" unidade="colheres de chá">Sal</ingrediente>
</ingredientes>
<instrucoes>
<passo>Misture todos os ingredientes, e dissolva bem.</passo>
<passo>Cubra com um pano e deixe por uma hora em um local morno.</passo>
<passo>Misture novamente, coloque numa bandeja e asse num forno.</passo>
</instrucoes>
</receita>
Perceba que a primeira linha define o tipo de documento.
A segunda linha abre o primeiro grupo de dados, representado pela tag <receita>. Todo o conteúdo que está contido na receita é semanticamente marcado e, ao final do documento, a tag receita é fechada com a sua correspondente </receita>.
Dentro de <receita></receita> há outras informações marcadas. O <titulo></titulo> e os grupos <ingredientes></ingredientes> e <instrucoes></instrucoes>, cada qual com os seus respectivos subgrupos. Digamos que esse padrão seja adotado por grandes portais de receitas, chamados de “base de dados de receitas”. O estabelecimento de um padrão de marcação de receitas permitirá que diversos sites de receitas e chefs independentes enviem suas receitas dentro do padrão estabelecido para que sejam facilmente importadas e indexadas na base com todas as informações da receita devidamente identificadas (“tagueadas”).
A lógica é a mesma para os artigos científicos. O padrão desenvolvido pela NISO e difundido pelo PubMed levou em consideração o padrão geral de informações contidas em artigos científicos para se estruturar o conjunto de tags que identificaria cada um dos elementos de um artigo. A definição de um conjunto de tags para artigos científicos em formato XML permite que diversas informações presentes em artigos científicos sejam processadas com a devida identificação entre diferentes sistemas.
Assim como no exemplo da receita, a estrutura base do XML-JATS apresenta os seguintes grupos:
Front Matter <front> … </front>
Dentro do grupo <front></front> estarão subgrupos de informações de:
- <journal-meta></journal-meta> metadados do periódico: título, editora e identificadores (ISSN, DOI, etc);
- <article-meta><article-meta> metadados do artigo: título, abstract, autor(es), categoria, histórico, páginas, identificadores, etc.
Body Matter <body> … </body>
O grupo <body></body> conterá o texto do artigo, onde serão identificados:
- Parágrafos;
- Seções;
- Figuras e gráficos;
- Tabelas (XHTML e CALS);
- Equações;
- Citações.
Back Matter <back> … </back>
Neste último grupo estarão contempladas informações auxiliares ao texto principal, como:
- Agradecimentos;
- Glossários;
- Apêndices;
- Referências bibliográficas
Principais benefícios do XML-JATS
Os exemplos dados acima já dão uma dimensão dos benefícios proporcionados pela adoção de um padrão de marcação por periódicos científicos e bases indexadoras. Podemos ressaltar ainda:
- Marcação auto-descritiva;
- Possui vasta documentação para o uso correto das tags e atributos;
- Permite armazenamento e transporte de dados do texto completo e dos metadados do artigo em bases indexadoras;
- Gerar formatos derivados para outros suportes, como PDF, HTML, ePub, etc;
- Interoperabilidade entre sistemas: Lattes, CrossRef, SciELO, Web of Science, etc;
- Automação de validações.
Devo utilizar o JATS em minha revista?
Apesar de apresentar ganhos e benefícios, a utilização do JATS como formato de publicação pode não ser uma solução para qualquer revista. Cabe à equipe avaliar se este é um formato realmente necessário para os objetivos da revista.
Se a sua revista tem como meta buscar a indexação em bases como SciELO, PubMed e Redalyc, então o JATS será um pré-requisito para sua candidatura.
Adotar o padrão por si só, não significa que sua revista será indexada em uma dessas bases. É importante ter em mente que os periódicos são reconhecidos e indexados quando publicam pesquisas de qualidade, praticam boas práticas editoriais e adotam recomendações internacionais para publicação científica. Vale ressaltar ainda que cada base de dados poderá ter suas particularidades nos requisitos para aprovação de periódicos candidatos.
Agora que você já conhece um pouco mais sobre o JATS, os benefícios que ele oferece e a quais objetivos ele atende, você já pode considerar se este é um formato que sua revista precisa investir. Se a resposta for sim e você precisar de uma equipe qualificada para produzir os formatos XML-JATS de seus artigos, não deixa de solicitar um orçamento à GeniusDesign!