Ciência: como divulgar?

Um dos grandes desafios da ciência, no Brasil, é dialogar com os grupos que estão fora da academia. Evidentemente essa espécie de aversão ao conteúdo científico é resultado de uma sucessão de erros históricos (atribuídos majoritariamente aos cientistas e pesquisadores) que tornaram a ciência inalcançável à grande massa

Atualmente, principalmente após o avanço de ideias negacionistas, os pesquisadores de diversas áreas buscam maneiras de se conectar com a sociedade e mostrar que a ciência é feita por pessoas comuns e necessária para a manutenção e evolução da sociedade.1,2

O grande objetivo da divulgação científica é tornar a ciência mais democrática, permitindo que todos os cidadãos tenham acesso não apenas à informação, mas entendam minimamente os processos de construção do conhecimento. Por isso, o discurso é mais palatável e os meios de comunicação devem ser os mais variados.3

As mídias digitais sociais (como Instagram, Facebook, Twitter, YouTube) são excelentes como ferramentas de divulgação, devido seu alcance ampliado a diversos públicos. Essa estratégia pode ser utilizada tanto como ferramenta de marketing e relacionamento com o cliente, quanto educadora. Entretanto, nesse último caso, o conteúdo precisa ter a linguagem desmistificada para que possa ser amplamente compreendida.3,4,5

O fortalecimento de uma marca, revista, ou mesmo a criação de uma plataforma divulgadora nas mídias sociais digitais exige criatividade e periodicidade. Não basta ter uma conta. É preciso estar conectado e atento as tendências, ter uma identidade visual e uma rotina de postagens, para não se tornar esquecível. Por mais que possa ser bastante trabalhoso, investir nas mídias sociais contribui com o aumento do impacto de um periódico dentro e fora do mundo acadêmico. 4,5,6

Apesar do paradigma de que as revistas científicas são restritas ao mundo acadêmico, diversos estudos demonstram que o interesse por conteúdos de ciências e tecnologia é bastante amplo. Segundo o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, uma pesquisa realizada em 2019 mostrou que cerca de 61% dos brasileiros têm interesse por temas científicos e tecnológicos. Outro levantamento feito em 2020, com a Covid-19, aferiu que os canais de natureza científica aumentaram a visualização em cerca de 8%. Esses dados corroboram para o fato de que há espaço para a ciência nas redes sociais digitais e que é preciso saber aproveitá-lo.7,8

 Sendo assim, como uma revista científica poderia se fortalecer nas redes sociais? Primeiro é importante ter uma conta ativa nas principais plataformas. Alguns exemplos de publicações interessantes são: chamadas curtas sobre as matérias da edição atualizada do periódico, de forma a aguçar a curiosidade e interesse do seu público para o artigo na íntegra; lives e enquetes com especialistas para responder as principais dúvidas do público, lembretes de datas comemorativas importantes para a sociedade (mostrando engajamento em pautas sociais), curiosidades do mundo científico, entre outras. É possível circundar o tema das edições da revista sem entregar todo o conteúdo pelas mídias sociais.5,6

Vale ressaltar que um ponto crucial na utilização das mídias sociais para a divulgação científica é a linguagem. Muitas vezes, os temas científicos recebem um tom sensacionalista ou muito técnico, quando vão para a mídia. O ideal é que esse tipo de trabalho seja feito de forma mais leve e fluida. Não se pode esquecer que os focos primários do usuário das redes sociais é o relacionamento e o entretenimento. 3

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. MANSUR, V. et al. Da publicação acadêmica à divulgação científica. Cadernos de Saúde Pública, [S.L.], v. 37, n. 7, p. 1-3, 2021. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00140821.
  2. ALMEIDA, Carla et al. O novo coronavírus e a divulgação científica. 2020.
  3. BUENO, Wilson Costa. Comunicação cientifica e divulgação científica: aproximações e rupturas conceituaiss. Informação & Informação, v. 15, n. 1esp, p. 1-12, 2010.
  4. DIAS, C. C.; DIAS, R. G.; ANNA, J.S. Potencialidade das redes sociais e de recursos imagéticos para a divulgação científica em periódicos da área de ciência da informação. BIBLOS - Revista do Instituto de Ciências Humanas e da Informação, v. 34, n. 1, p. 109-126, 2020. DOI: 10.14295/biblos.v34i1.11241 Acesso em: 14 set. 2021.
  5. ALMEIDA, R. B. F. Proposição de estratégias de marketing digital para pesquisadores utilizarem as redes sociais como forma de divulgação científica. 2020. 138 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Rede Nacional de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação) – Instituto de Química e Biotecnologia, Programa de Pós-Graduação em Mestrado Profissional em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para a Inovação, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2019.
  6. ARAUJO, R. F. Marketing científico digital e métricas de mídias sociais: indicadores-chave de desempenho de periódicos no Facebook. Informação & Sociedade, v. 28, n. 1, 2018.
  7. FONTES, D. T. M. Uma comparação das visualizações e inscrições em canais brasileiros de divulgação científica e de pseudociência no YouTube. Jcom América Latina: Journal of Science Communication. [S.L.], p. 1-22. jun. 2021.
  8. CGEE. População brasileira tem interesse, mas pouco acesso a informação sobre ciência e tecnologia, conclui estudo. 2019. Disponível em: https://www.cgee.org.br/web/percepcao/clippings/-/asset_publisher/Ps23U4tEZ0rm/content/populacao-brasileira-tem-interesse-mas-pouco-acesso-a-informacao-sobre-ciencia-e-tecnologia-conclui-estudo?inheritRedirect=false. Acesso em: 13 set. 2021. 
Atualizado em Quarta, 13 Outubro 2021 16:09
Gisele Souza

Gisele Souza

Gisele Souza é biomédica, pós-graduada em Inovação em Fitomedicamentos, pela Fiocruz. É servidora pública da UNIRIO e cursa pós-graduação em Divulgação e Popularização da Ciência pelo Museu da Vida / COC / FIOCRUZ.

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